É usual afirmar que trabalhadores com mais de 50 anos devem se reinventar. Porém, faltam ações concretas de combate ao etarismo, a discriminação pela idade.
Muitas organizações ainda menosprezam ou oferecem poucas oportunidades a esses trabalhadores com idade avançada.
Pesquisa da consultoria Robert Half com gestores de pessoas concluiu que 69% das empresas não contrataram trabalhadores com mais de 50 anos.
Os recrutadores apontaram as seguintes restrições desse perfil:
- salário alto (31%);
- pouca flexibilidade (18%);
- desatualização (12%); e
- risco de ampliar conflitos entre gerações (7%).
Em contrapartida, os gestores apontaram benefícios de contratar alguém depois dos 50:
- experiência (86%);
- conhecimento (66%);
- resiliência e inteligência emocional (43%); e
- contribuir para a diversidade da organização (30%).
A pesquisa realizada em 2019 foi respondida por 1.161 gestores. Apesar de não ser recente, é representativa do universo corporativo.
Estratégias de adaptação
No cenário persistente de baixo crescimento econômico e altas taxas de desemprego, é necessário que os profissionais com mais de 50 anos procurem se atualizar ou se qualificar em outras áreas, adquirindo novos conhecimentos para melhor atenderem às demandas dos seus contratantes.
A pandemia Covid-19 impactou a saúde da população e a atividade econômica, demandando mudanças por parte dos trabalhadores e das empresas. Assim, houve aumento de profissionais que passaram a trabalhar como freelancers, consultores, empreendedores e autônomos.
O Home Office, conhecido por teletrabalho, se consolidou como alternativa viável para atendimento às demandas das empresas, exigindo maior habilidade com tecnologias digitais. Contudo, é preciso cuidados com a saúde e ergonomia adequada para não haver fadiga física ou estresse por sobrecarga de atividades.
Envelhecimento da força de trabalho
A pirâmide etária da população está mudando à medida que aumenta mais a quantidade de pessoas idosas do que jovens. Essa alteração do perfil demográfico tem impactos na dinâmica econômica das nações e obriga a repensar a inclusão dos trabalhadores em idade avançada.
Segundo estudos demográficos das Nações Unidas, entre 2022 e 2050, a população do Brasil aumentará 7,52%, passando de 214.824.774 para 230.972.115 pessoas – ver gráficos abaixo.
Nesse período de 28 anos (2022-2050) haverá as seguintes alterações em estratos relevantes:
a) População ativa jovem, 15 a 29 anos: sofrerá redução de 21,21%, de 43.831.707 a 34.536.842 pessoas.
b) População ativa não jovem, 30 a 64 anos: aumentará 5,23%, de 106.271.146 a 111.827.683 pessoas.
c) População de idosos, 65 anos ou mais: aumentará 139,69%, de 20.890.214 a 50.070.748 pessoas.
Em 2050, a população em idade ativa será 63% da população total. A população idosa, acima dos 65 anos, será maior do que a população jovem em 2060.
De acordo com projeções demográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2022 e 2050, a população ativa com 50 a 65 anos aumentará 36,96%, passando de 34.511.636 a 47.266.120 pessoas.
Assim, o problema do envelhecimento da população é muito sério. Se não houver estímulos para reinserção ou contratação de pessoas acima de 50 anos, o país enfrentará escassez de mão de obra qualificada nos próximos anos.
Empresas preferem trabalhadores mais jovens devido a sua menor remuneração, facilidades com novas tecnologias e adaptação à cultura organizacional.
Todavia, os administradores devem planejar cenários com menor disponibilidade de mão de obra jovem, demandando trabalhadores com mais de 50 anos.
Combate ao etarismo
Etarismo é o termo utilizado para discriminação contra indivíduos ou grupos etários com estereótipos associados à idade. Essa forma de preconceito pode ser estimulada em atitudes individuais, políticas e práticas institucionais que perpetuam a discriminação etária nas organizações.
Governos e empresas deveriam reconhecer e enfrentar o etarismo. Isso exige nova compreensão do envelhecimento da população, as mudanças do trabalho trazidas pelas tecnologias digitais e o convívio sadio com as gerações mais jovens.
Os líderes das organizações públicas e privadas têm grande responsabilidade em combater estereótipos de pessoas mais velhas obsoletas ou incapazes de aprender novas habilidades. É indispensável implantar ações concretas de incentivo à contratação de trabalhadores com idade avançada.
A ampla experiência e o conhecimento acumulado deveriam ser valorizados como ativos pelas organizações. É preciso avançar muito nesse campo, desde a contratação até estímulos à carreira para trabalhadores com mais de 50 anos.
O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, é um senhor com 79 anos, advogado e político muito experiente. Biden comanda a nação com a economia mais robusta e as forças armadas mais poderosas do mundo. Ele é um bom exemplo que deveria inspirar políticos e líderes da sociedade civil.
Demonstrar empatia com pessoas de idade avançada, além de estimular relações fraternas e respeitosas, torna a sociedade mais inclusiva e produtiva.
Autor: Rone Antônio de Azevedo para o Editorial GEDAF, publicado e revisado em 30.08.2022.
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Tabelas 2018: Projeções da População do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade: 2010-2060
Nações Unidas, Department of Economic and Social Affairs, Population Division, World Population Prospects 2022.
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