Desde 1980 o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo é a referência oficial de cálculo da inflação no Brasil. Esse índice é determinado e divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
O IPCA está associado ao custo de vida para famílias de trabalhadores com renda até 40 salários mínimos. A importância do IPCA é devido a sua utilização para definição das metas de inflação a serem perseguidas pelo Banco Central na execução da política monetária.
Itens que compõem o IPCA
O IPCA leva em consideração o custo da cesta de produtos e serviços essenciais nas principais regiões metropolitanas do Brasil.
Dessa forma, o IBGE levanta o custo de diversos itens relativos aos seguintes grupos:
- Alimentação e Bebidas
- Habitação
- Artigos de Residência
- Vestuário
- Transportes
- Saúde e Cuidados Pessoais
- Despesas Pessoais
- Educação
- Comunicação
O IBGE calcula o IPCA a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2017-2018, na qual avalia o peso de cada gasto dentro do orçamento das famílias brasileiras.
O primeiro índice IPCA divulgado referenciou preços da cesta de itens praticados no mercado em dezembro de 1979. Desde aquela época, a metodologia de coleta de preços passou por diversas modificações, com exclusão e inclusão de itens.
Para se ter ideia da complexidade do levantamento, o IBGE coleta preços de 390 mil itens em 30 mil estabelecimentos comerciais e de serviços. Assista ao vídeo abaixo (IBGE, 2020) para entender melhor a sistemática de levantamento e cálculo do IPCA.
Cidades que participam da coleta de dados
O IPCA leva em consideração o custo de produtos e serviços essenciais nas principais regiões metropolitanas do Brasil. Contudo, devido às diferenças da distribuição da população urbana e da renda familiar nas grandes metrópoles, o IBGE aplica ponderação aos preços coletados.
Atualmente, a participação ou peso no cálculo dos custos dos grupos de itens cada região metropolitana no cálculo do indicador é a seguinte:
- São Paulo (24,24%)
- Belo Horizonte (10,6%)
- Rio de Janeiro (9,51%)
- Salvador (8,75%)
- Porto Alegre (7,38%)
- Curitiba (7,29%)
- Belém (6,44%)
- Recife (5,88%)
- Fortaleza (5,42%)
- Goiânia (4,15%)
- São Luís (3,11%)
- Brasília (1,88%)
- Vitória (1,83%)
- Campo Grande (1,64%)
- Aracaju (1,29%)
- Rio Branco (0,59%)
Dessa forma, os preços gerais de produtos e serviços coletados em São Paulo impactam em aproximadamente 25% o cálculo do IPCA. Por exemplo, Brasília, a capital federal, influencia somente 1,88% os resultados obtidos para o cálculo mensal do IPCA.
Outros tipos de IPCA
O IBGE também elabora e divulga o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), cujas metodologias são essencialmente análogas ao IPCA.
O IPCA-15 está associado à prévia da inflação mensal. A única diferença em relação ao IPCA é o período de coleta, o qual se inicia a partir da metade do mês, do dia 16 ao dia 15 do mês seguinte.
O IPCA-E é divulgado ao final de cada trimestre, sendo formado por resultados acumulados do IPCA-15 de cada mês. Desse modo, o IPCA-E é o acumulado trimestral do IPCA-15. A apuração do IPCA-E iniciou em 1991 e seu objetivo é estabelecer o balanço trimestral da inflação.
INPC abrange famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INCC permite avaliar a variação do custo de vida para famílias cuja renda de 1 (um) a 5 (cinco) salários mínimos. O IPCA reflete o custo de vida para a população com mais baixo rendimento, considerando 50% das famílias cuja pessoa de referência é assalariada e pertencente às áreas urbanas.
Os grupos de itens utilizados para coleta de preços são as mesmas categorias ou grupos adotados pelo IPCA. O INPC abrange a coleta de preços em 13 regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Vitória, Brasília, Goiânia e Campo Grande.
O INCC é utilizado como referência para cálculo de reajustes salariais em acordos coletivos e não faz parte da meta de inflação da política monetária.
O IBGE é o órgão responsável pela elaboração e divulgação do INCC desde setembro de 1979, sendo anterior ao IPCA.
Assista ao vídeo abaixo (IBGE, 2015) no qual são explicadas as diferenças entre o IPCA e o INPC:
Considerações finais
Todos os países desenvolvidos possuem índices oficiais para avaliação e monitoramento da inflação, pois a variação acentuada dos preços compromete o poder de compra das famílias.
Surgidos na Europa a 100 anos, visando à concessão de reajustes salariais de trabalhadores, os índices de inflação são percebidos como indispensáveis à Economia moderna.
No Brasil, os índices IPCA e INPC permitem o monitoramento sistemático, respectivamente, da inflação e da variação do custo de vida para as famílias brasileiras com menor renda.
Desde 1980 esses indicadores são produzidos pelo IBGE, sendo estratégicos para o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento econômico e social no Brasil.
As bases de dados do IPCA e INPC são fundamentais para o planejamento e decisões adequadas pelos órgãos econômicos dos governos brasileiros.
Abaixo, o gráfico comparativo mostra a paridade dos índices IPCA e INPC no período dezembro de 1995 a dezembro de 2019.
Os índices podem ser acessados diretamente no site do IBGE, na página Preços e Custos das estatísticas econômicas.
Fonte:
IBGE. IPCA 40 anos. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/lentes-doc.html/26571-40-anos-ipca-inpc.html>. Acesso em 23 fev. 2020.