Schwarzenegger, empreendedor austro-estadunidense, fez palestra no seminário Jürgen Höller Power Weekend, realizado em 02.12.2018 no Olympiahalle em Munique, Alemanha. A palestra abordou o tema Seis Regras para o Sucesso, alcançando grande repercussão positiva na mídia.
Arnold Schwarzenegger nasceu em Graz, Aústria, em 30 de julho de 1947. Sua carreira é bastante eclética e bem sucedida. Aos 20 anos, ele foi premiado em Londres com o título de Mr. Universe, competição internacional de fisioculturismo. Entre 1970 e 1980, venceu sete vezes o concurso Mr. Olympia, a maior competição mundial de fisiculturismo enquanto modalidade esportiva. Schwarzenegger escreveu vários livros e artigos sobre esse esporte. Criou o Arnold Sports Festival, um dos maiores eventos fitness do mundo, e promove o Arnold Classic International, que acontece em vários países, inclusive no Brasil.
Schwarzenegger também foi ator protagonista nos filmes “Conan” e “O Exterminador do Futuro”, entre outros trabalhos cinematográficos que alcançaram grande projeção. Filiou-se ao Partido Republicado e foi eleito Governador da Califórnia, Estados Unidos, entre 2003 a 2011. Defendeu questões de sustentabilidade e criticou algumas medidas do atual presidente Donald Trump.
Atualmente, Schwarzenegger dedica-se aos seus negócios pessoais, ministrando palestras em eventos por todo o mundo. Recebe direitos de publicidade das marcas associadas Iron Pump e Mobile Strike. Estima-se que possua patrimônio acumulado em torno de US$ 300 milhões.
Regras para o Sucesso
As seis regras de sucesso destacadas por Schwarzenegger são:
Conheça os principais trechos da palestra de Arnold Schwarzenegger sobre o modelo mental para ter êxito na vida e negócios.
[…] Estou aqui para falar sobre sucesso. Certo?
A primeira regra de sucesso é ter uma visão.
Se você não tem a visão para onde vai e não tem objetivo definido, então vagueia e nunca chegará a lugar algum.
Imagine se você pudesse ter o melhor navio ou o melhor avião do mundo. Se o piloto ou o capitão não sabe para onde ir, ele apenas ficará perdido. Então, não acabaria em lugar algum, é quase igual a estar no lugar errado.
Então posso afirmar que tive muita sorte, pois encontrei a minha visão bem cedo.
Como você sabe, nasci em 1947 na Áustria, depois da Segunda Guerra Mundial. E, realmente, não gostei da Áustria quando cresci. Não podia esperar para sair de lá. Não conseguia imaginar tornando-me um agricultor ou trabalhando em uma fábrica ou qualquer coisa assim.
Mesmo assim, meus pais queriam que ficasse lá e tivesse vida normal. Meu pai queria que eu me tornasse policial como ele. Minha mãe queria que me casasse com uma garota cujo nome era Heidi, esperançosamente. Eu teria um monte de crianças e dançaríamos como divertida família ao som da música.
Mas essa era a visão deles, não a minha. Minha visão era totalmente diferente.
Senti que nasci para algo especial, algo único, algo grande. Você sabe como foi ótimo descobrir para onde eu estava indo?
Imagine que a maioria das pessoas não sabe para onde estão indo. Quando você tem um objetivo, quando você tem uma visão, tudo fica fácil.
Na América, por exemplo, se você pesquisar descobrirá a porcentagem de pessoas que não gostam de seus trabalhos: 74% odeiam seu trabalho na América.
Isso não é muito diferente quando você analisa a Europa. A maioria das pessoas não gosta do que está fazendo. Por que eles, então, estão fazendo isso? Porque eles não tinham um objetivo e seguiram assim.
Eles estão apenas vagando sem rumo e depois, de repente, tentam uma vaga de emprego para que consigam trabalhar. Porque você tem que trabalhar.
Mas quando você trabalha, é uma tarefa. Isso funciona para ganhar dinheiro, mas não é divertido.
Então, se você pensar que apenas um quarto (25%) das pessoas realmente gosta do que estão fazendo na vida, isso é inacreditável.
Eu me senti muito abençoado pois sabia o que estava fazendo. É como um estudante de medicina que estuda e sabe que quer se tornar médico.
Você sabe onde quer chegar. Eu sabia para onde ir.
As pessoas sempre me perguntam quando me viram na academia nos dias do “Pumping Iron”. Elas diziam “Por que você está trabalhando tão duro?” Cinco horas por dia, seis horas por dia e você sempre tem um sorriso no rosto. Os outros estão trabalhando tão duro quanto você e, em seguida, parecem mal humorados. Por que é assim?
Eu disse às pessoas o tempo todo o motivo pelo qual fazia isso. Estava disputando por um grande troféu, eu tinha em mente o título do Sr. Universo.
Então, cada representação mental que faço me leva mais perto de realizar esse objetivo para fazer a conexão. Essa visão se transforma em realidade.
Cada conjunto de exercícios que faço, cada repetição, e cada peso que levanto me aproximam de transformar meu objetivo em realidade.
Então, eu não podia esperar para fazer outro agachamento. Eu não podia esperar por outro levantamento de peso de 500 libras (200 Kg). Eu não podia esperar fazer mais 2000 repetições de abdominais. Mal podia esperar pelo próximo exercício, a próxima meia hora posando e todo o tipo de coisas que você tem que fazer.
Você será um campeão.
E, com a idade de 20 anos, fui a Londres e ganhei o concurso Mr. Universo como o mais jovem de todos os tempos. Foi assim porque tinha um objetivo.
Deixe-me dizer algo visualizando seu objetivo e indo atrás dele: torne divertido. Você precisa ter um propósito, não importa o que faz na vida.
Então essa é a regra número 1: Tenha uma visão ou propósito na vida.
A regra número 2 é: Não ouça os pessimistas.
Em tudo o que fiz, a coisa que mais ouvi das pessoas foi: “Isso é impossível”, “Isso não pode ser feito” ou “Não”. Então, sempre que alguém me dizia “Não pode ser feito”, ouvi “Pode ser feito”. Quando eles disseram “Não”, eu ouvi “Sim”. E quando eles disseram “É impossível”, ouvi “É possível”.
Acredito muito naquilo que Nelson Mandela disse: “Tudo é sempre impossível até que alguém faça isso”. Bem, serei o único que disse para mim mesmo “Eu vou fazer isso e mostrar para eles”. Talvez nunca tenha sido feito antes, tudo bem. Mas eu vou fazer isso. E não ouvi os pessimistas.
A próxima coisa, o terceiro ponto que vou falar antes de comentar o restante é sobre trabalhar duro. Não há pílula mágica. Não há milagre.
Você não pode ficar parado, precisa trabalhar, trabalhar e trabalhar. Enlouqueço quando as pessoas dizem que não têm tempo suficiente de ir a academia por 45 minutos por dia e malhar ou fazer algo por 45 minutos a uma hora para melhorar.
Se deseja melhorar fisicamente é preciso melhorar mentalmente. Imagine que você leia uma hora por dia sobre História. Quanto você vai aprender depois de 365 horas? Em um ano? Pense se você estudar sobre a história de músicos, compositores, quanto você saberia?
Imagine se você trabalha em alguma empresa que deseja desenvolver todos os dias por uma hora. Imagine o quão mais longe você irá e conseguirá.
Então, isso me deixa louco porque nós temos tempo. Mas as pessoas dizem que não temos tempo. Nós temos 24 horas por dia. Nós dormimos 6 horas por dia. Então isso ainda te deixa 18 horas.
Tem alguém balançando a cabeça aqui na frente para dizer “Provavelmente não durmo seis horas. Durmo oito horas”. Certo, apenas durma mais rápido!
Nós temos 18 horas por dia. A pessoa média trabalha em torno de 8 a 10 horas. Vamos supor que são 10 horas, então você tem 8 horas restantes.
Mas você viaja cerca de uma hora por dia. Talvez 2 horas por dia. Então, você ainda tem 6 horas restantes. E o que faz com essas 6 horas?
O que fazemos com 6 horas? Nós comemos e dispersamos com futilidades. Fale um pouco com as pessoas organizadas e disciplinadas.
Você poderá ver quanto tempo está disponível se organizar seu dia. Então você tem que trabalhar duro.
Deixe-me dizer uma coisa: quando fui para a América, fiz a faculdade e trabalhei 5 horas por dia. Eu trabalhei na construção porque naqueles dias não havia dinheiro no fisiculturismo.
Eu não tinha dinheiro para suplementos alimentares ou qualquer outra coisa. Então, tive que ir trabalhar na construção.
Fui para a faculdade, trabalhei e fiz academia. E, à noite, das 8 horas à meia-noite, fui para a aula de teatro, quatro vezes por semana. Digo que fiz tudo isso, pois não havia um único minuto que perdi.
Tornei-me muito amigo de Muhammad Ali nos anos 70. Ele trabalhou duro, constatei isso pessoalmente.
Lembro que havia um escritor esportivo que estava lá na academia e quando Ali estava malhando e fazendo abdominais, perguntou para ele: “Quantas abdominais você faz?” Ali disse: “Eu não começo a contar até doer”.
Agora, pense sobre isso. Ele não começava a contar suas abdominais até sentir dor. É quando ele começava a contar. Isso é trabalho duro.
E, então, você não pode contornar o trabalho duro. Não importa quem seja.
Acredito naquilo que Ted Turner [empresário fundador do canal a cabo CNN, o primeiro dedicado 24 horas às notícias] disse: “Trabalhe como se estivesse no inferno e anuncie”. Você entendeu?
Trabalhe como se estivesse no inferno, vá para a cama e levante-se cedo, trabalhe duro e anuncie.
Então, você trabalha duro e depois deixa o mundo saber sobre o seu trabalho. É disso que se trata.
Deixe as pessoas saberem que você tem uma empresa, produz um filme ou pratica esportes. Trabalhe duro, mas, em seguida, anuncie para que todos saibam.
Odeio plano B e digo o porquê. Porque nós temos muitos céticos, como disse antes. Eles derrubam as vendas. Nós temos muitas pessoas que dizem “Não” e “Você não pode fazer isso”, “É impossível”.
Tudo bem, porque acabamos de desligar, como disse anteriormente. Ouça que “Não” é um “Sim”. Inverta “Você não pode fazer isso” para “Você pode fazer isso”. Você pode fazer isso e tudo mais. Então é possível fazer. Ignore todas as pessoas negativas ao seu redor.
Mas quando você começa a duvidar de si mesmo, isso é muito perigoso. Porque o que você está basicamente dizendo é “Se meu plano não funcionar, tenho um plano de emergência, o plano B”.
Se isso significa que você começa a pensar no plano B e cada pensamento que coloca nele, você está tirando energia do plano A.
É muito importante entender que nós funcionamos melhor se não houver rede de segurança. Porque o plano B se torna uma rede de segurança.
Posso sentir que se falhar, cairei e serei salvo, ou terei outra coisa lá para me proteger. E isso não é bom. Porque as pessoas têm melhor desempenho quando não há rede de segurança.
As pessoas têm melhor desempenho em esportes e tudo o mais se não tiverem o plano B. Penso que é muito perigoso ter plano B porque você está se podando da chance de realmente ter sucesso.
Uma das principais razões pelas quais as pessoas querem ter um plano B é porque elas estão preocupadas com o fracasso.
E se eu falhar, não tenho mais nada? Bem, deixe-me dizer uma coisa: não tenha medo de falhar.
Porque não há nada de errado em falhar! Você tem que falhar para subir a escada. Não há ninguém que não falhe. Todos nós falhamos. Está tudo bem.
O que não está bem é ficar muito tempo por baixo quando você falha. Quem fica por baixo é um perdedor.
E os vencedores falharão e se levantarão, falharão e se levantarão, falharão e se levantarão. Você sempre se levanta. Isso é ser vencedor.
Ei, todos nós perdemos! Esteja certo disso. E é por isso que digo para não ficar preocupado em perder porque quando tem medo disso, fica congelado.
Você não pode ficar travado. Você tem que estar relaxado para ter bom desempenho em qualquer coisa, no boxe ou no seu trabalho ou nos pensamentos. Isso vai acontecer apenas quando você relaxar. Então relaxe! E, se falhar, tudo bem.
Procure apenas dar tudo que você tem. É disso que se trata. Portanto, não tenha medo de falhar. Esta é uma das minhas 6 regras para o sucesso.
Você só pode se sentir completo como pessoa se pensar sobre o quanto pode fazer pelo seu companheiro ou alguém próximo que precise de ajuda.
Eu senti que todo mundo tem uma motivação diferente. Por que você faz algo?
Fui um imigrante na América do Norte. Eu observei como os Estados Unidos foi o país mais generoso do mundo. Quer dizer, eles abriram os braços para mim, eles me ajudaram, eles me convidaram para o jantar de Ação de Graças, as pessoas me trouxeram coisas.
Os fisiculturistas na academia trouxeram pratos para o meu apartamento porque eu não tinha pratos, não tinha talheres, não tinha roupa de cama, não tinha travesseiros, não tinha cobertor, não tinha TV, não tinha rádio. Eu não tinha nada. Eles trouxeram muitas coisas para o meu apartamento. Eles me ajudaram.
Isso é toda a generosidade em primeira mão que recebi na América. E eu disse para mim mesmo, como um imigrante que está sendo abraçado de braços abertos: preciso me certificar de devolver algo em troca.
(Schwarzenegger, 2018, livre tradução para o idioma português)
Vídeo original da palestra
Fonte: Alpha Leaders, acesso em 11/06/2019.